12.8.07

Uma questão de semiótica

Ou as palavras mudaram ou mudei eu. Na entrevista que a cientista política Lourdes Sola concedeu ao jornal Estado de São Paulo algumas muitas pérolas. Tenho um amigo que gosta de traduzir a língua portuguesa para a língua portuguesa dele. Apliquei o método. Diz a cientista:
LS:"...Até aqui, só com a queda da taxa de juros, Lula teve R$ 60 bilhões a mais para gastar. Não sei se a economia internacional dos próximos anos continuará garantindo essa margem. O segundo é que os déficits na infra-estrutura vão afetar o crescimento."...
BB: Ela quis dizer que finalmente o governo federal brasileiro vem diminuindo os juros. A seguir um
"não sei" começa um exercício de futurologia sem grandes convicções. Por último a revelação de que os déficits na infra-estutura têm a idade da história do Brasil e que não começaram a despencar, apesar do badalo do imprensalão, do dia 1 de janeiro de 2003 para cá.
LS..."Quem ganhou no governo Lula? Você acha que foram só os pobres? Veja os lucros dos bancos. As duas pontas convergiram os interesses. E ainda tem boa parte do setor privado, que se ajustou ao novo modelo, é competitivo e foi para o exterior ganhar dinheiro. Não há dois brasis.".....
BB: Ela quis dizer que o único Brasil que há é, com seu povo e com seus "quadros", beneficiado pelo governo atual.
LS..."Certas instituições estão ativadas, como o Ministério Público, a Polícia Federal com uma certa autonomia, algumas instituições do Judiciário.".....
BB: Finalmente o MP, a PF e o Judiciário estão ativados e com certa autonomia.
LS...."O PSDB é um partido de quadros, não é um partido de massas. O PT, ao contrário, não tem problemas de massa, mas não oferece grandes quadros."...
BB: Sinto um aroma estranho...
LS..."Em compensação, nós temos uma imprensa muito ativa, muito aplicada e que está, até, substituindo a oposição."...
BB: Primeiramente o que ela quis dizer é que a oposição, apesar de grandes quadros, é inoperante, débil, teórica. Em segundo só um verso do Hino da Independência seria capaz de traduzir, ser tão esclarecedor...
Não temais ímpias falanges
Que apresentam face hostil;
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil;
Vossos peitos, vossos braços
Vossos peitos, vossos braços
São muralhas do Brasil.

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